terça-feira, 30 de junho de 2009

Coisas Velhas - Das cores

Chega de disfarçar! O mundo não é tão simples como eu demonstro às vezes.

Eu pinto um mundo fácil... que é o que enxergo na maioria das vezes, mas nem sempre ele se mostra nos mesmos traços quando em outro "ponto de vista".

Às vezes ele pede uma tinta mais fosca, às vezes mais rústica, às vezes mais escura.

Não tem como pintar o traço de uma desilusão, por exemplo, de laranja.

Antes um mundo mesclado com relâmpagos de cores mortas que um mundo com o colorido falso da alienação.

Não tem como dizer que o vermelho da paixão é o mesmo vermelho da dor, qualquer um nota a diferença, pode ser a mesma cor, mas a tonalidade dada pelo sentimento é que traduz a real intenção do traço.

O Rosa do amor e da fragilidade se escurecido, ou olhado sobre uma luz sentimental diferente se torna o roxo das mágoas, e você já reparou a proximidade infeliz dessas duas cores?

Não, não sou infeliz, calma!

Mas enxergo que mesmo no meio do meu otimismo surgem rabiscos na contra-mão.

E depois que aprendi isso me desencantei claramente com pinturas totalmente vivas, completamente alegres, cheias de "energia". Elas soam como uma música de arranjos bem trabalhados, mas com uma letra insípida.

Um quadro real sempre passa cores e sentimentos diversos.

É a beleza colorida da contradição...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Eu e minha opinião

Eu, na minha opinião, sou a pessoa mais imprevisível que se possa prever.

Sou a prova mais improvável para os meus conceitos.

O indeciso mais convicto do reino das decisões.

O cara mais barato e a barata mais cara do ecossistema.

Sou o amigo mais relapso e o relapso mais amigo que se possa ter.

Sou o conservador mais libertário i-mundo surreal político.

Sou o ímpar mais necessitado de um par dos números reais.

Eu, na minha opinião, sou diretor, produtor e roteirista,

ser telespectador já não me satisfaz há muito tempo.

Sou parte do que são meus amigos e eles são parte do que sou também.

Eu, a opinião, meus exteriores, parece simples, e até seria...

Se eu e minha opinião não discordássemos tantas vezes

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Coisas Velhas - Limpe meus vitrais

"A solidão dói, mas, menos que ter você por perto.

As letras sobem, e meu roteiro continua sem freio.

Sentimentos infalíveis, infindáveis, medo incerto.

Começamos terminando e terminamos sem um meio.

Minha opereta autobiográfica me consome.

E com o fim, irei ainda com sono, frio e fome

Beba meus vitais, minhas poesias, meus enredos.

Limpe meus vitrais, e te mostro meus segredos

Se o eterno fica do outro lado do livro meu

Que a contra-capa traga o titulo e resenha

E que na autoria em parceria tenha o nome seu

Pois os receios, da minha chama foram a lenha.

Termino, acabo-me e sem saber se o final é feliz.

Se me arrependo ou me orgulho do que faço ou do que fiz.

Beba meus vitais, minhas poesias, meus enredos.

Limpe meus vitrais, e te mostro meus segredos"

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Em outra sala

O mundo anda impaciente, frenético, precipitado.

Destruindo tudo que insiste em manter tradição

Tudo que não se adapta ao novo imundo jeito de ser.

Atropelando tudo que "se deixa" passar devagar

Tudo que se perde, perde tempo, ou a perca que for.

Amizade, complacência, caridade... Sem valor

Pra ele agora, sentimento se mede em cifrão.

Mas quem faz meu mundo e meu tempo sou eu

E embaixo de pontes de movimento intenso

consigo repousar como um lago, calmamente...

Sabe, às vezes pinto o mundo como um plenário turbulento e gigante

E eu sentado "em outra sala"... e só o silêncio em meu semblante

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Coisas Velhas - Eu e meus meios

Meus meios de atingir metas são tão inconstantes.

Incompreendidos, Incabíveis, Incompletos

Mas se é meio, como fazer por inteiro...

Meio caminho não me leva ao céu.

Meia mentira não me leva ao fel.

E em meados de inverno,

Eu e minhas meias,

Só desejamos a quentura e o aconchego de um sapato velho.

Convenhamos e vamos:

Quem deseja aos meios e não aos fins,

não mede os anseios, os nãos ou os sins.

E se meia verdade é uma mentira incerta,

Meio sonho é uma covardia completa.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu não sei.

Eu não sei o que fazer em "alguns dos quase todos" momentos da minha vida.

Não sei quando devo parar ou quando devo continuar

Não sei a hora certa de me entregar.

Não sei a fórmula do amor, da paz e muito menos da felicidade.

Não sei ler pensamentos, passo perto às vezes, lendo as entrelinhas, mas pensamentos nunca.

Eu não sei como escolher caminhos, e nunca sei qual será o mais curto.

Não sei levar a vida, nem sei ser levado por ela.

Eu não sei ser eu, às vezes, e nunca sei ser outros.

Não sei como eu sou, o que sinto, onde estou.

Eu não sei ser amigo, às vezes, e nunca sei ser inimigo.

Eu não sei entender o que está escrito pra mim na sua testa.

Nem ler o que está na ponta das línguas

Não sei como o mundo gira ou como ele roda, sei menos ainda o porque destes movimentos sem graça.

Eu não sei soprar, Eu não sei saber, Eu não sei sofrer

Sofro um Supra Sopro de não Saber.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dos meus planos.

Estou plenamente disforme

Meus planos foram explodidos

Aliás, que plano, que nada

Sou poucos montes e vales imensos

Uma superfície inata e dilacerada

Superficialmente sem razão

Social, numérica ou conceitual

Sem preceitos ou precedentes

Intenso, intencional ou casual, quem sabe?

Parece que a cada traço fica mais complicado

A cada minuto mais embrutecido

Endurecido, Rígido, Convalescendo com as emoções

Em outros os tufões me lançam de maneira

A não sobrar uma mínima parte inalterada

Talvez seja o peso das primaveras...

Trazendo os conflitos intermináveis da criança sonhadora

com o adúltero sem plano, horizonte ou direção.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Vida Terça, Vida Seca, Vida Prima.

O mesmo suor que me sustenta, me consome.

O mesmo amor que me alimenta, me dá fome.

O mesmo som que me atormenta, me exprime.

O mesmo embalo que me acalenta, me suprime.

A mesma farsa que me ostenta, me redime.

Quão penosa há de ser minha sina?

Vida terça, Vida seca, Vida prima.

O mesmo astro que me queima, me ilumina.

A mesma alma que me invade, me domina.

A mesma bela que me inspira, me deprime.

O mesmo ar que "me respira", me reprime.

O mesmo órgão que "me anima", me comprime.

Quão Penosa há de ser minha sina?

Vida terça, Vida seca, Vida prima.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Duplipensar*

Queria eu duplipensar, esquecer que um dia foi diferente

O mundo anda tão "sentido" e eu vou "certo" na contra-mão.

Queria eu duplipensar, esquecer que um dia foi diferente

Consciências criticas, filosofia, pega-pega contra televisão.

Ainda Bem que somos diferentes

Ainda Bem que somos iguais

Queria eu duplipensar, esquecer que um dia foi diferente
Abolições teatrais, as novelas e os jornais, menos cada vez é mais.

Queria eu duplipensar, esquecer que um dia foi diferente

Inteligência controlada, Subconsciência comprada, a guerra é paz.

Ainda Bem que somos diferentes

Ainda Bem que somos iguais

Quão grande pode ser uma idéia,

Quão grande pode ser um ideal

Se o passado continua "por vir"

E o futuro cada dia mais surreal

Queria eu "não pensar", construir um mundo bem diferente.

Queria eu "não pensar", construir uma vida que se sustente.

Queria eu "não pensar"...

*Duplipensar é a capacidade de armazenar duas crenças contraditórias simultaneamente e aceitar ambas. Conceito criado por George Orwell em sua obra-prima, o livro 1984

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Mate-Realize seus sonhos

Acordei...

Olhei para fora e o sabor perfeito estava lá, sorri.

Levantei...

Senti-me saudável, vigoroso, feliz, como um livro bem escrito.

Soprei...

E o ar expirado empurrava os obstáculos, pois não os via ou sentia.

E era uma dimensão tão bela, que me senti um intruso

Eu com minhas dúzias de dúvidas e defeitos

Já procurando algo pra criticar ou comparar

Ou ao menos questionar, que seja...

Não encontrava uma fresta para olhar

Um barulho a me desconcentrar

Uma dorzinha a me afetar...

A dor veio de comprovar que sentir é a essência

Que amor a primeira vista, é mesmo uma imprudência.

O âmago e a candura da nossa parte incorpórea

Só podem ser nutridos pelo tanger dos poros.

O mundo é perfeito nos sonhos...

Mas falta tocar.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Infinito? Esgotou.

Somos tanto em tão pouco tempo.

Tão belos pra tão maliciosos olhos.

Tão esclarecidos pra tão escassos ouvidos.

Tão inteligentes pra tão poucas palavras.

É uma eterna controvérsia, um eterno conflito...

Na busca de vencer os obstáculos exteriores

E de arranjar um agasalho que esquente...

A expansão do nosso interior

Queremos contrariar os espaços...

Que nos foram reservados para "ser"

É uma busca insana e sem fim

Por algo ou alguém que abrigue o que nos transborda

Somos imensamente maiores...

E nessa discórdia....

O mundo esgota todos os infinitos...

Mas bem devagar

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Coisas Velhas - Linhas Secas

Seco, sigo desalmado.

Meus papiros sem cor, meu livro sem autor, minha vida sem sabor.

Seco, sigo descuidado.

Meus amores passando e eu não os vendo: repasso,

Seco, sigo abandonado.

Sem coração, sem humildade, sem húmus, sem umidade.

Seco, sigo desumano.

E saber que a desumanidade é padrão, me seca mais a cada ano.

Seco, finjo não olhar pro lado, finjo não te ver, finjo secar.

Finjo ser quem?

E os olhos secos anunciam uma dureza que não são deles...

Mas que roubam a cena da minha seca face.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Última Nova

É melhor sentar pra próxima notícia que pretendo passar

A nova é que...: nenhuma nova faz mais diferença pra nós

A novidade num se aporta mais em praia alguma,

Adeus inusitado, bye bye original, hoje teu barco naufragou

Cada notícia do jornal, mesmo as capas, são reprises enfadonhas

De um ontem que muitas vezes foi mais próximo que nunca

É um velho em uma nova-idade, às vezes nem tão nova assim

Aliás são tantas novas que digerimos junto ao amargo café

Que por inúmeras vezes não vejo mais gosto, nem sinto mais cor

Mas sinto desgosto de ser a cada vez mais só um fruto

Quando sempre sonhei ser raiz...