sexta-feira, 29 de maio de 2009

Da Poesia

Busque os desencontros,

Nos encontros, a poesia já está esgotada

Uma poesia só sobrevive onde a oportunidade viceja

Onde não há conceitos definidos, paradigmas ou certezas

Fazer Poesia é desencontrar o mundo,

Desfazer preceitos

Encarar, de fato,

que absolutismo só existe em faces de retrato

Em palcos sem artista, sem arte, ou sem ato.

Qualquer certeza mata abruptamente uma nova poesia

Fazer poesia é desmentir o mundo

Nas suas "mundanças ou continuanças"

É raptar um pedaço de mentira e torná-la verdade

Nem que por um pequeno instante

Maltratar tudo que aprendeu na escola

Castigar as teorias e tudo que seja constante

Fazer que a verdade morra, e a mentira sobreviva

Mais que isso...

É encarar que algumas mentiras

São infinitamente mais vivas.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coisas Velhas - Intruso em mim

...Cada dia que passa pareço menos real e mais sem graça

Me olho, me escuto, me procuro, e não me vejo, me ouço ou me acho.

É, assumo, "tá difícil" postergar a dor, empurrar de mim tal dissabor.

A candura me deixou, e há tempos, quem fora não é quem sou.

Um azedume corroendo meus pêlos e pelos meios completos

Sigo errando em tudo,

Pensando mudo, e, sobretudo...

...O intruso em mim, aquele que herdou meus sonhos,

Transformou-os em programas enfadonhos.

O único sonho que me restou e sempre restará

É o desejo de ser dono deste que vos fala e sempre falará.

Liderar meu preceito, conceito e preconceito.

Sigo errando em tudo,

Mas quem sabe um dia me aceito...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Livre

É cada vez mais complicado acompanhar as transgressões do mundo

O que é hoje, vai se tornar: era, já pelo amanhã.

E daqui uma semana nem lembrado será mais

E é o que acontece nesse mundo de identidades múltiplas

Tudo se agrega, ninguém contesta mais nada

É a morte dos questionamentos, do não contra o sim,

Hoje ninguém precisa negar com convicção

Aprender a diferença do sim e do não

Somos engolidos pelos advérbios que nos são entregues junto a uma porção cavalar de morfina.

E partimos, dopados, rumo a livre escolha, ao livre arbítrio, ao passe livre.

Deus me livre.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Do Amor?

Do amor?

Não tenho autoridade

Direito, dever ou propriedade,

Num sei o que é, seu apelido

Seu sobrenome, suas vontades

Seus gostos, sabores, ensejos

Nem sei se existe na verdade

E se não existisse, porque tão supra citado?

Os que dizem que o conhece, nem idéia fazem,

Os que fazem idéia, não se arriscam dizer que o conhecem.

E eu, não arrisco nem a um nem a outro

Deixo que ele mesmo se diga...